Ipea projeta crescimento de 3,5% do PIB e de 3,3% para a indústria em 2024
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou, nesta quarta-feira (18), a Visão Geral da Conjuntura, uma análise do desempenho da economia brasileira
Agência Gov | via Ipea
José Paulo Lacerda/CNI
Subindo: crescimento vai marcar 2024
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou, nesta quarta-feira (18), a Visão Geral da Conjuntura, uma análise do desempenho da economia brasileira. O Grupo de Conjuntura da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea revisou a projeção de crescimento do produto interno bruto (PIB) brasileiro de 3,3% para 3,5% em 2024 – mesmo prevendo nova desaceleração no quarto trimestre, com altas de 0,3% na comparação com ajuste sazonal e de 3,8% sobre o mesmo período do ano passado. Para 2025, a estimativa foi mantida em 2,4%, conforme a tabela abaixo.
A projeção do PIB para o próximo ano manteve-se inalterada por conta dos níveis de incerteza embutidos nas previsões, que estão bastante elevados no momento. A expectativa de que a economia encerrará o ano com um crescimento superior ao esperado previamente pode compensar a piora verificada no balanço de riscos.
Pela ótica da produção, o Ipea prevê uma alta de 0,5% para o setor de serviços, na comparação dessazonalizada, com crescimento de 3,6% interanual. Mesmo com o ritmo moderado, o Ipea espera que os serviços continuem como um dos principais motores de crescimento do PIB, acumulando altas de 3,7% e 2,4% para 2024 e 2025, respectivamente.
A previsão para a indústria é de avanço de 0,3% na margem, com alta de 2,6% em relação ao quarto trimestre de 2023. Espera-se que o PIB industrial registre uma expansão de 3,3% em 2024, em um contexto de estoques ajustados e com o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) operando acima de sua média histórica. Já sob os efeitos do ciclo de aumento das taxas de juros iniciado em setembro, o Ipea estima um desempenho mais modesto em 2025, com crescimento acumulado de 2,3%.
Em relação à produção agrícola, com base nas projeções para o resultado da lavoura em 2024, divulgadas pelo Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os modelos do Ipea apontam para uma queda de 2,6% do PIB agropecuário no acumulado do ano e um crescimento projetado de 2,5% para 2025.
Do lado da despesa, o Ipea prevê mais um bom desempenho da formação bruta de capital fixo (FBCF) no quarto trimestre de 2024, com crescimento de 0,8% na série dessazonalizada, resultado compatível com a alta de 9,8% comparação interanual. Para 2024 e 2025, o Ipea estima aumentos de 7,4% e 3,6%, respectivamente.
O consumo de bens e serviços deve continuar crescendo, embora com menos folga no orçamento das famílias, em função de um cenário de inflação menos favorável, expectativa de menor impulso fiscal e crédito mais caro devido à política monetária contracionista. Com isso, a projeção de crescimento do consumo é de 0,2% com ajuste sazonal e de 5,1% sobre o mesmo trimestre de 2023. Para 2024, após um desempenho que superou as expectativas dos pesquisadores, o Ipea revisou o resultado acumulado para 5,1%. No entanto, com uma taxa de juros projetada para o fim de 2025 superior à anteriormente estimada, o consumo de bens e serviços tende a desacelerar, avançando apenas 2,6% em 2025.
O consumo do governo deve crescer 0,9% na margem, com alta de 1,5% em termos interanuais no quarto trimestre. No acumulado do ano, o Ipea prevê aumentos de 2,0% e 2,2% para 2024 e 2025, respectivamente. Também se espera uma contribuição positiva das exportações líquidas na margem no quarto trimestre, com altas de 0,9% para as exportações e de 1,0% para as importações. Já na comparação com o mesmo período de 2023, a contribuição permanecerá negativa, com as exportações crescendo 4,0%, contra uma alta de 17,1% das importações. No acumulado do ano, em 2024 e 2025, supondo um cenário externo sem maiores rupturas, as exportações cresceriam a taxas de 4,1% e 3,4%, enquanto as importações registrariam expansão de 15,0% e 4,4%, nessa mesma ordem.
Juros e Câmbio
Quanto à política monetária, o Ipea avalia que o ciclo de aperto iniciado em setembro – que já trouxe a meta da taxa Selic de 10,50% para 12,25% ao ano (a.a.) – continue ao longo do primeiro semestre de 2025, levando essa taxa a atingir um patamar em torno de 14,25% ao ano. Ao final de 2025, porém, supõe-se que o arrefecimento das pressões inflacionárias e a estabilização das expectativas de inflação, em um contexto de redução do diferencial de juros em relação aos EUA e de controle da percepção de risco fiscal pelos agentes de mercado, permitirão dar início a um ciclo de redução da taxa Selic, que deve fechar o ano em torno de 13,25%.
No front externo, a manutenção de um ritmo de crescimento razoável da demanda na China deve contribuir para a relativa estabilidade dos preços de commodities, ao passo que o esperado aumento de tarifas de importação nos EUA, combinado à possível redução de impostos no país, deve compensar os efeitos da flexibilização da política monetária e resultar em certa valorização do dólar. Diante dessas hipóteses, o cenário pressuposto pelo Ipea é de certa apreciação da taxa de câmbio real/dólar no horizonte de projeção, tanto em termos nominais como reais, conforme a tabela abaixo.
Inflação
De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), nos 12 meses encerrados em novembro a inflação brasileira acumulava alta de 4,9%, repercutindo os aumentos de 8,4% dos alimentos no domicílio, de 2,5% dos bens industriais, de 4,7% dos serviços e de 5,2% dos preços administrados. Com isso, as previsões do Grupo de Conjuntura para a inflação em 2024 foram revistas. Em relação ao IPCA, a alta projetada passou de 4,4% para 4,8%. A taxa estimada para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), por sua vez, avançou de 4,2% para 4,7%.
As projeções do Ipea indicam alta de 4,4% do IPCA e de 4,2% do INPC para 2025. A desagregação por grupos mostra que, na comparação com 2024, espera-se um comportamento mais benevolente dos preços administrados, sobretudo dos combustíveis, e uma pressão ainda forte dos preços livres, especialmente dos alimentos e dos serviços.
Por Ipea