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Assembleia Legislativa comemora os 35 anos da Constituição de Mato Grosso

Assembleia Legislativa comemora os 35 anos da Constituição de Mato Grosso

Seminário com os ministros Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes e Flávio Dino falou sobre a importância da Constituição e sobre as ameaças à democracia

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O ministro Flávio Dino em sua apresentação, começou falando que Amazônia
e Pantanal são considerados assuntos nacionais
Foto: ANGELO VARELA / ALMT
 
POR LAIS COSTA MARQUES / SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

No dia 5 de outubro de 1989, Mato Grosso promulgou a nova Constituição do Estado. Um marco histórico do processo de redemocratização do Brasil, após duas décadas de ditadura militar, perseguições políticas e cerceamento do direito ao voto. Para celebrar a data, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) realizou, na manhã desta segunda-feira (18), um seminário com a presença dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes e Flávio Dino.

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Eduardo Botelho (União) , recebeu os convidados ao lado dos demais parlamentares da atual legislatura e de deputados constituintes, que participaram do processo de construção da Constituição do Estado de Mato Grosso, como os ex-deputados José Lacerda e João Teixeira. Em seu discurso, Botelho destacou que a Constituição brasileira, assim como a estadual, é resultado da luta de homens e mulheres que levantaram a voz em defesa da liberdade.

“Essa Constituição, que se junta à Constituição Federal, não é apenas um conjunto de leis; é um sopro de vida que ecoa em cada um de nós. É um legado construído por aqueles que, com bravura e determinação, lutaram por um Brasil mais justo. Portanto, hoje, mais do que celebrar, precisamos falar das vozes que, com coragem, se levantaram em defesa da liberdade e da dignidade”, afirmou Botelho em seu discurso.

O ministro Gilmar Mendes, mato-grossense do município de Diamantino, falou sobre os desafios enfrentados atualmente no país, como os ataques às instituições, e destacou que comemorar os 35 anos da Constituição do Estado é celebrar 35 anos de normalidade democrática. “Quando falamos de 35 anos de Constituição Estadual, falamos de 35 anos de normalidade democrática. A luta entre o poder e o abuso de poder, é a luta entre a memória e o esquecimento”.

O ministro Gilmar Mendes falou sobre a importância da Constituição do Estado
e os avanços que o texto trouxe, principalmente na área social
Foto: JLSIQUEIRA/ALMT

 

O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, participou do evento e destacou o papel e importância do STF para resguardar os direitos e sugeriu que haja mais cobrança com relação às obrigações dos cidadãos e cidadãs, inclusive dos gestores públicos para que sejam mais eficientes em suas funções. Mendes também falou sobre a polarização política, os perigos do radicalismo e sobre a desinformação, que muito rapidamente é disseminada nas redes sociais e ameaça a democracia.

Representando o parlamento constituinte de 1989, José Lacerda fez uma apresentação sobre a Constituição de Mato Grosso, destacou o trabalho realizado na época, que ouviu todas as regiões, debatendo democraticamente com os cidadãos do estado. De acordo com Lacerda, a Constituição foi resultado de um processo de reestruturação política e econômica, que precisava atualizar suas regras de acordo com o novo momento democrático.

O presidente eleito do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, desembargador José Zuquim, relembrou a promulgação da Constituição como um momento de muita alegria. “Na época eu atuava como juiz em Sinop, e lembro que a população tinha muita expectativa com relação à Constituição para resguardar o processo de ocupação do estado”.

Palestrantes – O seminário “35 Anos da Constituição de Mato Grosso” foi aberto pelo ministro Gilmar Mendes, com uma palestra sobre a importância da Constituição do Estado e sobre os avanços, principalmente na área social, promovidos pela peça. “Quando falamos de enunciação de direitos, sabemos que temos desafios, que é a efetividade, a forma como os direitos se materializam”.

O ministro Flávio Dino em sua apresentação, começou falando que Amazônia e Pantanal são assuntos nacionais, pois possuem características singulares de interesse de todos. Porém, de acordo com o ministro, é preciso ter prudência e capacidade para resolver os problemas sem esquecer que além dos biomas, existem cidades, pessoas, produção agrícola e isso precisa ser levado em conta.

Ao mesmo tempo, Dino destacou que o “esverdeamento” é necessário e uma realidade. “A produção agrícola é estratégica, e por isso mesmo precisa existir de forma sustentável. As mudanças climáticas são uma realidade e atingem a todos, porém a alguns de forma mais contundente do que outros. Há também razões econômicas, produzimos soja para o mercado externo e, sem sustentabilidade, poderemos sofrer sanções e ficar impedidos de vender”, afirmou Flávio Dino.

O ataque à democracia foi tema central da palestra do ministro Alexandre de Moraes. Ele relembrou que nenhum outro regime fez tanto pelas mulheres, pelas crianças, pela saúde, pela economia como o democrático. “Este é o regime que mais deu retorno à população no mundo, e vem sofrendo com o novo populismo extremista digital. Nasce na Hungria, na Itália, na Holanda e chega ao Brasil. Mas se isso ocorre, é porque há problemas no regime”.

De acordo com Moraes, a falta de eficiência, a corrupção, levam à corrosão do regime democrático. Além disso, o ministro falou de traumas e temores de parte da população que são resgatados pelos algoritmos das redes sociais e destacou que isso não acontece de forma aleatória, mas sistemática e proposital. “Existe uma parcela que passou a se sentir prejudicada pela inclusão de outras parcelas da sociedade. Voltou o racismo, o machismo e as pessoas perderam a vergonha de manifestar isso porque vivem em bolhas”.

O ministro defendeu regulamentação das redes sociais para conter a manipulação dos rituais democráticos.

Homenagens – Durante a sessão especial realizada em comemoração aos 35 anos da Constituição, a Assembleia Legislativa entregou o título de Cidadão Mato-Grossense aos ministros convidados Flávio Dino e Alexandre de Moraes. A iniciativa foi apresentada pelo deputado Valdir Barranco (PT) e aprovada pelo Plenário.

Os deputados estaduais que participaram da sessão constituinte, entre 1988 e 1989 também foram homenageados com uma placa com a foto de todos os parlamentares. Na sessão especial, a placa foi entregue a José Lacerda, João Teixeira e Moisés Feltrin representando todos os deputados e a deputada que compunham o Parlamento. 

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